Tema 1 - Bibliografia Anotada relativa ao tópico "Abordagens pedagógicas em elearning e o papel do professor em contexto online.”

No âmbito da Unidade Curricular Processo Pedagógicos em E-learning, na temática I - A Pedagogia do eLearning, somos desafiados a elaborar uma bibliografia anotada subjacente ao seguinte tópicos: “Abordagens pedagógicas em elearning e o papel do professor em contexto online.”

Depois de uma pesquisa e da leitura de alguns artigos, foram selecionados os dois que se seguem por referirem o papel do tutor on-line, uma vez que no ensino online, não é suficiente ser-se professor, e a necessidade de abordagens pedagógicas diferenciadas para as diferentes modalidades de ensino.

Segue-se então as duas bibliografias selecionadas anotadas.



Martins, E. (2015). Tutoria em Educação a Distância: Efetividade do Tutor no Desempenho dos Alunos no EaD. Revista de Educação, 16(20/21).




O artigo foca-se no papel do professor/tutor na educação a distância. O autor começa por referenciar as a preocupação das instituições em assegurar que os seus alunos tenham um bom desempenho no EaD. Para tal, têm em consideração a metodologia pedagógica utilizada, o material didático, os meios de comunicação tecnológica e a avaliação, mas também procuram garantir um apoio contínuo, através da figura do tutor. Este tutor deverá ter um papel de mediador, de orientador, viabilizando a aprendizagem online e favorecendo o desempenho do aluno.

Considerando os desafios enfrentados pelos alunos no EaD, o tutor também enfrenta dificuldades para dar resposta às necessidades dos alunos. O tutor deve, assim, garantir a integração do aluno no ambiente virtual de aprendizagem, moderar interação entre esses alunos nos fóruns, dar resposta às suas dúvidas e dificuldades, bem como participar na sua avaliação. Assim, um tutor deve ser muito mais do que um professor.

Segundo Shulman (1998), um professor deve ser detentor das seguintes competências:
  • conhecimento do conteúdo;
  • conhecimento pedagógico do conteúdo e organização da classe;
  • conhecimento curricular;
  • conhecimento sobre os contextos educacionais;
  • conhecimento das finalidades, propósitos e valores educativos, suas raízes históricas e filosóficas.
Mas estas competências não são suficientes para que um tutor consiga que os seus alunos alcancem um desempenho máximo. Assim, destaca-se a necessidade de o tutor ser detentor de competências sócio afetivas.

Nesse sentido temos tutor também como mediador emocional, que motiva, incentiva, estabelece pontos de equilíbrio perante a diversidade do público, sendo empático; o mediador gerencial, que organiza os grupos, as atividades de pesquisa, avaliações e interações; e o mediador ético, que ajuda a desenvolver assumir e vivenciar “os valores construtivistas, destacando o valor individual e também o valor social”.

Concluindo, os tutores assumem a responsabilidade na facilitação do entendimento no uso das ferramentas e material didático, em um ambiente virtual e desafiador. Contudo, enfrentam ainda desafios derivados das diferenças comportamentais, dos ritmos individuais, das diferentes experiências pessoais e profissionais do grupo de alunos. Por tal, para o autor, o conhecimento científico, aprendizagem, a formação voltada para a ação, a interação pedagógica, mediação, motivação e o lado sócio afetivo são competências necessárias para um tutor efetivo no EaD a distância.

O artigo mostra-se relevante pois, com base em bibliografia de referência, apresenta uma proposta metodológica com o objetivo de ampliar a capacitação do tutor, por forma a darem resposta às necessidades das instituições, visando a uma aprendizagem efetiva e um bom desempenho dos seus alunos no EaD.




Mendonça, A. F. Docência Online: A virtualização do ensino (2007).



Este artigo procura diferenciar os conceitos de educação presencial, educação a distância e educação online (mediada por computador), bem como demonstrar a necessidade de diferentes abordagens pedagógicas para cada uma das referidas modalidades.

Com base no conceito de sociedade informacional de Castells, nas ideias de fluxo de informação e ecologia cognitiva de Lévy, a autora descreve as novas relações que se estabelecem numa aprendizagem mediada por computador. Apresentando, assim, a educação presencial e educação à distância como opostos, e localizando a educação online entre ambas. Na contextualização que faz do desenvolvimento da educação mediada por computador, afirma compreender a internet como um meio de apoio as atividades e processos educativos e vislumbrar potencial no ensino e aprendizagem online, por meio das redes de aprendizagem.

Desta forma, altera-se o papel do professor, pelo que este tem de rever a sua prática educativa, uma vez que o modus operandi e a abordagem pedagógica se distinguem das modalidades presenciais. A autora afirma que a educação online deve assentar nas comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa, apontando para a emergência das dimensões de partilha, colaboração, interatividade e confiança entre os participantes de uma comunidade de aprendizagem. A construção do conhecimento é da responsabilidade dos alunos, mediada pelo professor.

Resumindo, a autora compreende a educação online como uma modalidade educativa diferente à modalidade presencial e à modalidade a distância, o que exige uma mudança no papel e na postura, quer do professor, quer dos alunos, bem como de todos os outros envolvidos na educação. Contudo, a autora reconhece que só o tempo, a investigação e o uso, cada vez mais intensivo, de práticas inovadoras constituirão um corpo de conhecimento capaz de conferir legitimidade aos processos educativos que acontecem na virtualidade.

O artigo, apesar de ter sido escrito em 2007, infelizmente, ainda se mostra bastante atual. As dúvidas continuam a ser muitas e as confusões entre as diferentes modalidades de ensino também. Estas diferenças devem ser claramente compreendidas, por forma a assegurar decisões acertadas e adequadas, uma vez que as diferentes modalidades assumem diferentes formas de organização e se baseiam em diferentes fundamentos didáticopedagógicos.

A autora remata afirmando “vive-se atualmente, porém, um momento de transição em que velhos e novos conceitos se confundem”. Nos dias de hoje, continua-se a vivenciar esta transição, apesar de já terem decorrido 13 anos, da investigação ter avançado, bem como as TIC.

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